Fundador da Organização Não Governamental Friends of Angola (FoA) manifesta-se preocupado com os níveis de corrupção que persistem. Entende que a campanha iniciada por João Lourenço, em 2017, não vingou por culpa do próprio Presidente que optou em salvaguardar o partido. E aponta o dedo ao palácio presidencial como sendo o principal centro de corrupção dos últimos anos,justificando-se com os milhões que o Presidente concede a empresas, via de adjudicações directas, com as quais alegadamente tem interesses.
O foco da Friends of Angola (FoA) é também instruir as pessoas sobre o combate à corrupção. O Governo assumiu a missão de combater a corrupção desde que o Presidente João Lourenço assumiu o poder em 2017. Como avalia o processo?
A avaliação do suposto combate à corrupção é negativa de forma geral. É verdade que João Lourenço fez várias promessas desde 2017, quando chegou ao poder. Em primeiro lugar, ficou claro que este combate foi selectivo, no princípio, mas depois parou e demonstrou-se claramente que não há interesse do Presidente em combater a corrupção.
Porquê?
Porque, no Governo, existem indivíduos denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro. Estamos a falar do ministro da Energia e Águas, do homem mais próximo dele no palácio, o famoso caso do senhor Edeltrudes. Há muitos outros casos que até agora o povo angolano não sabe em que pé ficam. Muitos indivíduos ligados ao regime angolano, incluindo o próprio Presidente João Lourenço, beneficiaram deste roubo através dos empréstimos do BESA, mas também dos negócios que ele fazia enquanto ministro da Defesa.
Em que se baseia para fazer essas afirmações?
Há um caso que é bastante conhecido, que envolveu o presidente de Moçambique e um outro indivíduo, que está a ser julgado nos EUA. Um círculo muito pequenino ligado ao ex-Presidente José Eduardo dos Santos construiu um império com dinheiros públicos, desde condomínios, escolas públicas, que depois foram tornadas escolas privadas e investimentos de grande vulto que continuam a pertencer a muitos destes indivíduos. Alguns bens já foram devolvidos ao Estado angolano, por exemplo, as acções da Unitel, que estavam em nome da engenheira Isabel dos Santos e também do general Dino, mas a lista é longa. Por um lado, o Presidente Lourenço tem estado a mencionar a luta contra a corrupção desde o princípio do seu primeiro mandato, mas, por outro, na prática, não temos constatado sinais positivos. In VL