Conhecidas figuras políticas do país reagiram hoje de modo diferente a acusações do presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, que os Serviços de Informação e Segurança, SINSE, têm estado envolvidos numa campanha de propagação de notícias faltas para difamar a oposição.
O presidente da UNITA disse que o seu partido recebeu através do grupo parlamentar uma carta enviada à Assembleia Nacional pelo Major Pedro Lussaty recentemente condenado num processo envolvendo o desvio de milhões de dólares, carta essa em que Lussaty fez uma denúncia contra o director geral do SINSE
Costa Júnior disse que o seu partido quer que o parlamento defina com clareza e transparência os limites da actuação do SINSE que acusou de estar envolvido em campanhas de atacar a UNITA e o seu líder.
O líder da UNITA que fazia uma comunicação perante jornalistas disse ter sido criado um gabinete, dirigido pelos serviços de inteligência cujo o objectivo é atacar permanentemente a UNITA e o seu líder, com a criação de perfis e a massificação de informações falsas contra os adversários do actual regime no poder.
Essa companha conta, segundo Adalberto Costa Júnior, com suporte de vários jornalistas e fazedores de opinião, para desacreditar a UNITA e seu presidente, bem como todos aqueles que se mostram críticos ao regime.
"Produzem grande parte das 'fake news' que circulam no espaço público, disseminando novamente o ódio, entre os angolanos”, disse o líder da oposição angolana.
“Estes gabinetes que se subscrevem na presidência da República e no próprio departamento de propaganda do partido no poder, vários indivíduos como opinion makers e jornalistas a troco de benesses, prestam vassalagem ao regime, com intervenção na média pública e outros espaços arregimentados.", acrescentou.
No partido no poder ainda não houve uma reação oficial mas a VOA falou com o membro do MPLA e antigo deputado pela bancada maioritária, João Pinto, que minimizou as declarações do presidente da UNITA.
"Eu não acredito que um homem avisado como o líder da UNITA faça uma acusação dessa natureza que não faz qualquer sentido”, fazendo notar que “generais da UNITA que participaram directamente na guerra estão aí andam, trabalham, convivem nas instituições do estado”.
“Há aqui uma tentativa de criar factos políticos e vitimizar-se porque não faz sentido”, acrescentou João Pinto para quem para o dirigente da UNITA “que tem uma excelente retórica alimentar esta narrativa é muito perigosa."
Nós falamos com o especialista em inteligência, formado pela polícia em Israel, o general na reforma Manuel Mendes de Carvalho Pacavira que diz não descartar a denúncia do presidente da UNITA.
"Isto é possível sim senhor, é o que tem sido feito ao longo, destes anos, Adalberto tem razão”, disse.
Makuta Nkondo que exerceu jornalismo durante largos anos no país, acrescenta que a acção dos serviços não se resume aos dirigentes da UNITA.
Para o ex parlamentar angolano todos que pensam diferente do governo são atacados.
"Não é só a UNITA e o seu líder e membros que são atacados pelos serviços de inteligência do regime, todos nós, incluindo eu Makuta, somos atacados, vigiados, os telefones estão sob escuta permanente, em todo lado onde vamos”, disse. VOA