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Redução da oferta de divisas do Tesouro angolano acelera depreciação do kwanza


Um economista considerou hoje que o Tesouro angolano reduziu a sua quota de oferta de divisas no mercado para atender ao serviço da dívida nos primeiros cinco meses de 2023 e a situação concorre para a desvalorização do kwanza.

De acordo com Wilson Chimuco, a desvalorização do kwanza (moeda angolana) “está a ser justificada, por um lado, pela redução da oferta de divisas no mercado cambial por parte do Tesouro Nacional que em 2022 detinha uma quota de mais de 30% da oferta de divisas”.

“Mas, nos primeiros cinco meses do ano teve de reduzir a oferta de divisas para atender ao pagamento do serviço da dívida”, afirmou o economista em declarações à Lusa.

Chimuco referiu também que o Tesouro Nacional está, por outro lado, com “melhoria dos níveis de liquidez”, facto que tem dado aos bancos comerciais espaço para oferecer “taxas de câmbio cada vez mais altas nos leilões de divisas”.

O Banco Fomento Angola (BFA) considerou na segunda-feira que o kwanza vai apreciar a médio prazo, apesar da queda de quase 10% face ao dólar na semana passada, acumulando perdas de 23,75% desde o início do ano.

"A passada semana foi marcada pela contínua depreciação do kwanza face ao dólar e face ao euro", escrevem os analistas do BFA no comentário semanal à evolução do mercado, apontando para as quedas de 9,87% face ao dólar e de 9,95% face ao euro.

O kwanza terminou a semana passada a valer 660,6 kwanzas por dólar e 711,4 kwanzas por euro, e o BFA diz que "o ritmo de queda do kwanza parece não estar a diminuir".

O Governo angolano decidiu, desde 02 de junho, retirar parcialmente os subsídios à gasolina, cujo litro custa agora 300 kwanzas (0,48 euros) contra os anteriores 160 kwanzas (0,25 euros), com relatos já de subida do preço dos bens alimentares e de outros serviços.

As tarifas dos taxistas e mototaxistas vão ser subvencionadas, com a atribuição de cartões personalizados, continuando a pagar 160 kwanzas pelo litro de gasolina, cobrindo o Estado a diferença.

No entender de Wilson Chimuco a meta de inflação para este ano terá de ser revista perante o atual aumento de preços dos produtos.

“Se nada for feito, os preços vão aumentar”, salientou o especialista, argumentando: “Porque o nível de importações terá de reduzir e a produção interna ainda não é capaz de atender às necessidades do país”.

“E sim, a meta de inflação para este ano tem de ser revista”, frisou.

Defendeu ainda a necessidade de o Governo angolano ter de melhorar a comunicação e desconcentrar o processo de atribuição de cartões subvencionados aos operadores de serviços de transporte público, processo que tem gerado vários protestos destes.

“É a melhor opção que tem para reduzir os constrangimentos que se têm assistido e evitar a especulação de preços”, concluiu o economista angolano.

Angola tem registado desde a última semana vários protestos de taxistas e mototaxistas contra a subida do preço do combustível, com relatos de feridos e até de mortes.

Um grupo de ativistas e membros da sociedade civil convocou uma manifestação nacional para 17 de junho contra a subida do combustível, fim da venda ambulante e a Lei das Organizações Não-Governamentais. Lusa