O Sindicato Nacional dos Professores (Sinprof) denunciou hoje que a maioria dos agentes de educação angolanos está sem receber os salários do mês de maio, sem qualquer explicação por parte do Governo.
Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do Sinprof disse que só foram pagos até à data os professores das províncias de Luanda e de Benguela e de apenas uma escola da província do Huambo.
“Infelizmente, o Governo não está a cumprir a máxima do Presidente João Lourenço na parte do comunicar melhor. Nós já consultamos quer o Ministério das Finanças quer o Ministério da Educação – a culpa não é do Ministério da Educação, porque não paga salários – mas o Ministério das Finanças, infelizmente, não diz a razão real deste atraso”, disse à Lusa Admar Jinguma.
Segundo o sindicalista, “especula-se apenas que seja problema de tesouraria”, mas como os professores não podem especular, têm que ter “coisas concretas”.
“Já os consultámos ao mais alto nível, infelizmente, não nos dizem onde está o problema”, sublinhou o sindicalista, referindo que médicos e enfermeiros estavam na mesma situação.
Admar Jinguma disse que vão continuar a fazer pressão, mas se a situação persistir vão ter de “tomar outras medidas” que, para já, não quis avançar.
“O que queremos da parte do Governo é transparência. Não custa nada vir a público dizer: meus senhores, nós não vamos ter o dinheiro a tempo pela razão X ou Y”, apelou.
O secretário-geral do Sinprof lembrou que esta situação de salários pagos com atraso tem-se arrastado desde fevereiro.
“Essa situação já vem desde o mês de fevereiro, que estamos a receber os salários de forma irregular”, disse, lamentando a situação “difícil” dos professores, que tem causado um elevado índice de absentismo.
“As pessoas não têm dinheiro para comer nem para ir trabalhar. Estamos na fase de revisão para as provas e os professores não estão nas escolas. Alguns conseguem fazer algum esforço, mas aqueles que precisam percorrer longas distâncias onde é que vão tirar o dinheiro para pagar o táxi? Não tem como, é uma situação muito difícil, as escolas estão quase às moscas e essa culpa não pode ser atribuída aos professores”, lamentou.
A Lusa tentou obter mais esclarecimentos junto do Ministério das Finanças, o que não foi possível até ao momento. Lusa