A esposa do denunciante angolano "Man Gena" diz que suspeita que a sua filha foi morta no hospital ou sequestrada. Em entrevista à DW África, Clemência Vumi revela ainda que vive "aprisionada".
Clemência Suzete Vumi não acredita que a sua filha morreu por motivos clínicos, pois, como afirma, ela nunca teve acesso ao corpo da criança.
Em entrevista à DW África,a esposa do denunciante angolano "Man Gena" afirma agora que a sua filha recém-nascida terá sido morta ou sequestrada, para que os pais não tenham o direito de ficar em Moçambique, devido ao nascimento de uma filha em solo moçambicano.
O cidadão angolano Gerson Eugénio Quintas, mais conhecido como "Man Gena", refugiou-se em Moçambique com a mulher e dois filhos pequenos de 2 e 4 anos de idade após ter denunciado o suposto envolvimento de altas figuras da polícia de Angola em redes de tráfico de drogas. Atualmente, a família aguarda uma decisão sobre a sua extradição para Angola.
DW África: Como soube da morte da sua filha?
Clemência Vumi (CV): A minha filha nasceu no dia 5 de abril. Quando a fui visitar pela primeira vez, disseram-me que tinha feito uma transfusão de sangue e que eu tinha assinado a autorizar o procedimento. No dia 7, voltei a visitá-la. Disseram que estava tudo bem e que eu poderia visitá-la todos os dias a partir das 11h00. Entretanto, a senhora dos serviços de Migração ligou a dizer que o médico pediu para irmos para o hospital com urgência. Chegámos e disseram que a minha filha tinha sofrido uma paragem cardíaca às 21h00 e que tinham conseguido reanimá-la. Mas, às 22h00, sofreu uma segunda paragem cardíaca e infelizmente não a conseguiram reanimar, devido a uma hemorragia interna. O óbito foi declarado às 22h00. E eu perguntei porque é que só me avisaram às 11h00 do dia seguinte. Eu disse que não era possível a minha filha estar morta. E se está morta, alguém a matou.
DW África: Conseguiu identificar o corpo da sua filha?
CV: Eu pedi, mas não aceitaram. Garantiram que iríamos ver o corpo da bebé, mas até hoje nunca tive acesso à minha filha. Uma segurança que trabalhou connosco disse-me que a minha filha não estava morta e que simplesmente a trocaram de incubadora, tudo para não dar a nacionalidade.
DW África: O que nos está a dizer é que suspeita que a sua filha foi sequestrada?
CV: É isso.
DW África: O seu marido, "Man Gema", está consigo?
CV: Sim, graças a Deus estamos juntos no mesmo sítio. Mas estamos a viver uma situação complicada. Não temos contacto com ninguém. O Governo moçambicano não diz nada. Praticamente, estão a roubar a infância a essas crianças, estão a traumatizá-las.
DW África: Não tiveram acesso a um advogado? Não puderam denunciar o caso na polícia?
CV: Não podemos, porque o Governo trancou-nos. Para ter uma noção, ficámos em casa com cinco guardas, o dia inteiro. Não conseguimos sair à rua. Eles trazem a comida. Desde que estamos aqui, não tivemos qualquer contacto com o embaixador de Angola. Ele nunca nos apoiou em nada. Eles trancam a porta de casa e levam a chave. DW/Club K
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