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BPC arranca 2023 com lucros de 1,1 mil milhões Kz no primeiro trimestre do ano


O banco está há 7 anos a registar resultados negativos, totalizando mais de 1,2 biliões Kz de prejuízos desde 2016. O plano de reestruturação do banco público apontava o regresso aos lucros em 2021, o que não se verificou.

O Banco de Poupança e Crédito (BPC) registou um resultado líquido positivo de 1,1 mil milhões Kz no primeiro trimestre deste, após vários anos com contas no "vermelho" . Ganha, assim, força a possibilidade de regresso aos lucros em 2023 previsto pela anterior direcção, apesar de o programa de reestruturação ter apontado esse regresso em 2021.

O BPC passou de prejuízos de 75,3 milhões Kz no primeiro trimestre de 2022 para lucros de 1,1 milhões Kz no primeiro trimestre deste ano, de acordo com os balancetes trimestrais consultados pelo Expansão. Os balancetes são um mero exercício de balanço, sem detalhe, pelo que não é possível apurar o que está na base desse regresso aos lucros.

Actualmente, o banco presidido por Cláudio Pinheiro tem um activo avaliado em quase 1,7 biliões Kz, registando um crescimento de 2% no primeiro trimestre deste ano face ao período homólogo, o que o coloca no quarto lugar do ranking dos bancos com mais activos. Os títulos e valores mobiliários valem 757,5 mil milhões KZ e representam cerca de 45% dos activos.

Já o stock de crédito que representa 10% do activo quase triplicou, passando de 57,7 mil milhões no primeiro trimestre de 2022 para 164,0 mil milhões nos primeiros três meses deste ano, o que o coloca no oitavo lugar dos bancos com mais crédito, longe da primeira posição que chegou a ocupar até que o malparado começou a perturbar as contas daquele que também já foi o maior banco angolano. Relativamente aos depósitos, estão avaliados em 1,2 biliões Kz, o que o situa na quinta posição do ranking.

Sete anos de prejuízos

O BPC vem de uma sequência de resultados negativos há sete anos: 29,5 mil milhões Kz em 2016; 73,1 mil milhões em 2017; 26,9 mil milhões em 2018; 404,7 mil milhões em 2019, 524,9 mil milhões em 2020, 83,1 mil milhões em 2021 e 120, 4 mil milhões em 2022. Contas feitas, o maior banco público acumula um pouco mais de 1,2 biliões Kz de prejuízos desde 2016, de acordo com cálculos do Expansão.

A contas com um plano de reestruturação que termina este ano, quando estiver recapitalizado o BPC terá custado 1,5 biliões Kz aos contribuintes. O programa de reestruturação do BPC apontava o regresso aos lucros em 2021 (131,7 mil milhões Kz mas registou prejuízos de 83,1 mil milhões Kz ) e previa um resultado líquido positivo de 166,9 mil milhões Kz em 2022, o que diverge com os prejuízos de 120,5 mil milhões Kz realmente alcançados. Para 2023, o programa prevê lucros na ordem dos 177,9 mil milhões Kz. Ainda assim , a anterior administração admitiu no passado, publicamente, que lucros só depois de 2023, quando estiver concluído o plano.

As sucessivas contas no "vermelho" do BPC resultam essencialmente do reconhecimento de imparidades a que o banco estava obrigado, depois de a avaliação de activos (AQA) aos maiores bancos angolanos no final de 2019 pedida pelo FMI ao BNA ter detectado necessidades de capitalização superiores a 1 bilião Kz no maior banco público. Como não havia capacidade para realizar esse aumento substancial de capital pelo accionista Estado, o BPC optou por diferir essas imparidades para os anos seguintes (10% em 2019; 30% em 2020; 30% em 2021 e 30% em 2022). É neste sentido que os responsáveis do banco admitiram que só um "milagre" faria com que o BPC regresse aos lucros antes de 2023. Expansão