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Investimento Estrangeiro cai 20,5% para 197 milhões USD em 2022

Trata-se do pior Investimento Directo Estrangeiro dos últimos cinco anos, com a excepção de 2020, devido à pandemia da Covid-19. Se o investimento no sector não petrolífero caiu, o mesmo não aconteceu no sector do petróleo já que em 2022 aumentou 6,4% passando para 6,6 mil milhões USD.



Investimento Directo Estrangeiro (IDE) fora do sector não petrolífero caiu no ano passado 20,5%, face a 2021, passando de 248,5 milhões USD para 197,6 milhões.

Contas feitas, o peso do investimento do sector não petrolífero, no IDE em 2022 fixou-se nos 2,9%, número abaixo dos 8,6% registado em 2018, período em que o País teve o maior valor dos últimos 10 anos, quando o IDE não petrolífero se fixou nos 647,8 milhões USD.

Segundo especialistas, a incerteza que se vive nas principais economias lá fora, que caminham para um cenário combinado de recessão e de inflação em alta (estagflação), provocada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pela alta de preços da energia, acabaram por ditar este cenário de aversão ao investimento não só em Angola, mas um pouco por todo o mundo.

Mas no caso do nosso País, a situação ganha outros contornos, já que a necessária diversificação económica, que tarda em acontecer, fica mais comprometida com a ausência do Investimento Directo Estrangeiro, uma necessidade da economia nacional, defendem especialista.

O economista Wilson Chimoco entende que a queda no IDE em Angola não se deve propriamente ao ambiente de negócios do País, que tem vindo a melhorar progressivamente, apesar de ainda não estar ao nível que o País precisa, mas deve-se essencialmente ao contexto internacional, com "o aumento do custo do dinheiro, por conta do aumento dos custos de endividamento/ investimento nos mercados" financeiros.

Se o investimento estrangeiro no sector não petrolífero em 2022, caiu 20,5%, o mesmo não aconteceu com o IDE no sector petrolífero que aumentou 6,4%, saindo de 6,2 mil milhões USD em 2021, para 6,6 mil milhões USD no ano passado. Um sinal claro da dependência que a economia nacional tem do petróleo. Aliás, esta é uma das preocupações de especialistas, devido aos factores externos que condicionam a evolução do preço deste produto no mercado internacional.

"Infelizmente estes números comprovam a nossa dependência do petróleo e por mais discursos de que o investimento no sector não petrolífero tem aumentando, na prática não se reflecte. E sendo o petróleo um produto com decisões tomadas fora de Angola, a nossa economia anda ao sabor destas alterações, o que não é bom", disse o economista Silva Santos.

Para este técnico, a diversificação económica não acontece nos gabinetes, é preciso que seja de facto efectivada.

"Fala-se em diversificação económica. Mas que tipo de diversificação? A que é escrita nos gabinetes, sem conhecimento da realidade, ou a diversificação que o País precisa de facto? O sucesso da diversificação depende também da eliminação de várias barreiras que existem, como o funcionamento da justiça, burocracia, financiamentos, regulamentação de leis, e outras", disse. Num país em que o ambiente de negócios é considerado mau - figurando sempre na cauda do já findo relatório Doing Business do Banco Mundial - apesar das melhorias que resultaram das reformas levadas a cabo pelo Executivo durante o programa do Fundo Monetário Internacional (FMI) que decorreu entre 2019 e 2021, continua a ser muito difícil captar investimento estrangeiro para o País, sobretudo ao nível do sector não petrolífero, comprometendo, ou atrasando ainda mais, a tão ambicionada diversificação económica.

Por isso, o investimento, seja ele estrangeiro ou nacional, é fundamental para o relançamento da economia nacional que em 2021 quebrou um ciclo de cinco anos de recessão.

"Sem investimento fica difícil a economia desenvolver. O investimento estrangeiro permite a criação de emprego, que tanto precisamos, para que o consumo aumente e a economia ganhe outro ritmo", concluiu o economista.

Fonte: Expansão