O ativista angolano Nelson Dembo "Gangsta" acusa as autoridades de intimidarem membros da sua família para pôr fim às críticas que tem dirigido ao Executivo.
Nelson Dembo, mais conhecido por "DJ Gangsta", denuncia que ele e a sua família estão a ser perseguidos pelas forças de segurança angolanas, alegadamente por causa das críticas que o ativista tem feito ao Executivo do Presidente João Lourenço.
"Querem restringir as liberdades individuais, essencialmente aos ativistas, que acabam por ser a força cívica mais atuante fora das grandes discussões políticas", afirma Nelson Dembo em declarações à DW África.
Ativista não cumpre ordens judiciais
"Gangsta" foi detido há um ano e ficou depois sob termo de identidade e residência. À DW, o jovem conta que foi acusado de praticar os crimes de associação criminosa, instigação à rebelião e à desobediência civil, além de ultraje ao Presidente da República e aos órgãos de soberania.
O ativista está proibido de sair do país e deveria apresentar-se periodicamente ao Serviço de Investigação Criminal (SIC). Mas diz que deixou de o fazer porque "não cumpre leis injustas".
"Tortura psicológica" à família
Para as autoridades angolanas, Nelson Dembo está foragido.
Terá sido por isso que o SIC deteve, no fim de semana, as irmãs do ativista, acompanhadas dos filhos menores.
"Como deixei de me apresentar periodicamente e tenho estado a fazer 'lives', eles alegam que os lives são contundentes e foram prender a minha família, para os coagirem com medidas de tortura psicológica, durante quatro horas", explica Nelson Dembo.
"Revú" por um dia em Luanda
O ativista garante que não está foragido, mas "acampado" em Luanda.
Para "Gangsta", o termo de identidade e residência que pesa sobre ele é uma censura: "Eles querem ter-nos sob controlo. Se não te eliminam fisicamente, vão controlar-te por via destas medidas ditatoriais, que não concordo", afirma.
"Gangsta" diz que se sente inseguro e apela à solidariedade da sociedade civil angolana e da comunidade internacional.
A DW contactou o SIC para falar sobre o caso, mas o porta-voz Manuel Halaiwa não comentou o assunto.
"Eles estão a preparar outros presos"
As acusações de ultraje e incitação à rebelião imputadas a "Gangsta" são idênticas às que levaram à condenação dos ativistas Tanaice Neutro e Luther Campos.
Na semana passada, durante um encontro da sociedade civil sobre o direito à manifestação no país, o ativista social Paulo Evangelista disse temer que as autoridades angolanas estejam a apertar o cerco aos críticos do Governo.
"Eles estão a preparar outros presos. Não podemos negar isso. Eles não param de desenvolver a sua agenda. O que eles querem é nos matar aos poucos", referiu.
Fonte: DW África