É com profunda apreensão que o Bloco Democrático vem assistindo o aumento de posições autoritárias, truculentas e limitadoras de direitos fundamentais dos cidadãos e das instituições sociais neste segundo mandato do presidente João Lourenço.
O Bloco Democrático condena profundamente a retenção dos familiares do artista e activista político Nelson Dembo,Gangsta 77, como manobra de pressão psicológica para pressioná-lo a deixar de emitir a sua opinião sobre a situação crítica que o país atravessa. O Bloco Democrático faz lembrar que muitos familiares dos seus actuais dirigentes e membros foram sujeitos a estes processos horrorosos no tempo da PIDE-DGS portuguesa e da DISA angolana que, desgraçadamente, na Angola do seculo XXI a polícia política vigente, SINSE, mantém esta prática.
As autoridades governamentais infelizmente, por que são as mesmas, na sua forma de atuação e enquadramento político não tiram lições do passado com processos que deixam fracturas psicológicas irreversíveis e, por isto, são claras violações dos Direitos Humanos que o actual regime diz defender e promover em palavras, numa mera incoerência e falta de responsabilidade discursiva, pelo que acreditamos ser mero sofisma.
O Bloco Democrático tomou conhecimento, igualmente, que depois de vários interrogatórios, processualmente ilegais, por parte das entidades dos serviços de investigação criminal – SIC - sobre a propriedade do canal Tv digital Camunda News, suas fontes de informação, razões por que dá audiência também a certos sectores críticos da oposiçao, este portal de comunicação foi pressionado a fechar as suas emissões informativas, de análise, entrevistas e debates políticos. As vozes críticas, incluindo a oposição partidária, que já não tem voz e vez nos órgãos controlados pelo estado, deixam de ter oportunidade de fazer conhecer ao povo as suas posições pela imprensa independente. O Executivo pretende com esta política calar definitivamente a Camunda News e depois virá o pouco que falta o que se traduz num homicídio à democracia. Sem liberdade de expressão, sem pluralismo de ideias não há e nem se pode falar de democracia.
O BD denuncia, assim, que a supressão da liberdade de expressão é clara criminalização duma liberdade básica e indicia a existência da não política em Angola.
O plano do Executivo visa obstruir o desempenho dos partidos políticos da oposição, e não só, suprimindo os canais que lhe dão voz e assim caminhar para uma situação em que os partidos estarão meramente cumprimindo a agenda governamental.
O Bloco Democrático solidariza-se quer com a família do perseguido Gangsta77, quer com a Camunda News e o Sindicato dos Jornalistas que se posicionou com clareza contra esta pressão fascizante. O silêncio de órgãos de regulação e a cumplicidade do Ministério de Comunicação Social merecem o nosso firme repúdio.
O Bloco Democrático entende que o povo angolano não pode ficar indiferente a esta situação e conclama a todos os sectores populacionais a se oporem ao regime truculento reforçado neste segundo mandato do presidente João Lourenço. A “diplomacia” do Executivo acabou, o bastão é a regra, a luta pela democracia vem sofrendo rudes golpes, a palavra de ordem é de resistência e acção com o foco na democratização do país. Resistência herdada por este 15 de Março em que os trabalhadores de algodão da Baixa do Cassanje fizeram ecoar as suas vozes contra a exploração do regime colonial fascista português.
O Bloco Democrático não alinhará no folclore da democracia, imposto pelo partido-estado e, por consequência, não abdicará de manter a sua luta para que ela seja uma realidade em Angola!